Thiago França
Seja como for, a introdução do uso de radares e demais equipamentos de controle de velocidade sinalizou aos infratores de trânsito que o “jeitinho brasileiro” para aquele tipo de violação estava chegando ao fim e isso provocou uma repercussão apreciável.
Os dados da mortalidade no trânsito, divulgados pelo Ministério da Saúde, mostram que, infelizmente, nossos números continuam acima do aceitável.
O Brasil é o quinto país em número de óbitos decorrentes de acidentes de trânsito. Mato Grosso continua figurando em segundo lugar como o Estado da Federação com maior índice de casos. E os números da nossa Capital, nos levam não apenas a um sentimento de indignação, mas acima de tudo, de reflexão, e proposição de alternativas a fim de construirmos um trânsito seguro e melhor.
No ano passado, somente em Cuiabá, foram lavrados mais de 105 mil autos de infração, segundo dados da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes Urbanos. No primeiro semestre deste ano já foram registrados mais de 338 acidentes, e entre 2004 a 2010, segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública, Mato Grosso gastou em torno de um bilhão de reais com a violência no trânsito.
Hoje, lombadas eletrônicas, radares fixos, móveis, estáticos, “pardais”, fazem parte do cotidiano do brasileiro, que pode até não gostar deles, mas aprendeu a respeitá-los, principalmente pelo temor das consequências que podem acarretar para seus bolsos. Sem dúvida não é a forma ideal de educar, mas é efetiva.
É importante deixar claro que nenhum país desenvolvido no mundo conseguiu enquadrar o seu trânsito sem usar de forma firme a educação e a repressão, que acabam sendo extremos de uma mesma corrente.
Cuiabá e Boa Vista, são as únicas capitais do país que não possuem sinalização eletrônica, e em razão disso, a Prefeitura de Cuiabá, sabedora da importância dessa ferramenta na preservação da vida, está tomando todas as medidas e iniciativas necessárias para que nossa cidade possa também se adequar a essa realidade.
Todas as estatísticas são contundentes em afirmar que os municípios onde existem radares eletrônicos reduziram significativamente os índices de acidentes, bem como diminuiu também em 40% os custos médico-hospitalares em razão dos mesmos.
Não há dúvidas que urge adotarmos medidas de enfrentamento quanto aos números assustadores em relação aos acidentes de trânsito. O que não podemos aceitar mais são os argumentos infundados e demagógicos dos que alegam estarem preocupados com a “indústria da multa”.
Todos nós, poder público e sociedade, devemos estar muito mais preocupados com a “indústria da infração”, pois é ela que mata, e não com a falsa ideia da “indústria da multa”, que é apenas uma consequência de todos os absurdos que acontecem no trânsito.
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