quarta-feira, 27 de junho de 2007

O Novo Gargalo da Capital

Rafael Cruz
Como cidadão cuiabano e também contribuinte, não posso e não assistirei passivo às transformações ocorridas na paisagem urbana e às perturbações provocadas no trânsito em razão das edificações construídas ao longo da Avenida Historiador Rubens de Mendonça (conhecida também como Avenida do CPA).

Ali estão fincadas grandes construções que demanda enorme público; o Complexo Político Administrativo do Estado de Mato Grosso, a construção do Grande Templo, o TRT, um enorme “shopping” e, recentemente, um hipermercado. Todos estes pólos geradores - que na linguagem técnica do trânsito, é toda e qualquer obra de engenharia que gera uma demanda de veículos e pedestres - agregados a uma rede comercial e residencial ao longo da avenida, ali se instala sem o minucioso estudo de multiplicidade de interesses e funções no uso das vias, a saber: fluidez, velocidade, capacidade veicular, acesso a estacionamento, segurança, informação ao usuário, poluição, economia do tempo de locomoção, conforto e qualidade ao usuário da via, o principal cliente do poder público. Certamente, este estudo jamais foi realizado em Cuiabá.

Congestionamentos que enfrentamos diariamente nos horários de “rush” nos principais corredores de nossa cidade, atestam isso; experimentem passar nas Avenidas: Fernando Corrêa da Costa, Miguel Sutil, Tenente Coronel Duarte, Isaac Povoas, Getúlio Vargas e a Avenida do CPA.

Desafio o transeunte motorizado a não lembrar-se da senhora progenitora dos ”alcaides” e vociferar imprecações de fazer corar as habitantes da “Casa da Luz Vermelha”.

Mas, é sobre a Av. do CPA que chamo a atenção dos senhores e das senhoras. O trânsito no local, que já é complicado, agravou-se agora com a construção e a inauguração do hipermercado antes citado. Quero deixar bem claro que não sou contra à construção deste empreendimento, que significa progresso, geração de empregos e mais impostos a somar-se ao erário público. Somente considero que os pontos elencados no estudo do dimensionamento dos efeitos causados por um pólo gerador de tamanha magnitude não foram levados em consideração antes da liberação da tal obra.

Um exemplo que confirma esta inobservância à qualidade do trânsito para o usuário é a construção de mais um retorno (já existem dois no local) para atender aos anseios de acessibilidade dos clientes do hipermercado, e não da população de uma maneira geral.

Retorno é uma obra de desaceleração do trânsito. São retornos clássicos, aquele ali na Av. Historiador Rubens de Mendonça, um pouco antes do encontro com a Av. Mato Grosso, e também um outro situado na mesma avenida, que dá acesso à Av. Miguel Sutil.

Os senhores leitores, já observaram (e passaram por momentos de angústia) a imensa fila de veículos que se forma nestes locais , contribuindo para a diminuição do nível de trafegabilidade nos referidos locais. Para piorar a situação, fala-se que até o fim do ano, inaugurar-se-á mais um supermercado na Av. do CPA, quase em frente ao hipermercado recém-construído.

A implantação de um sistema semafórico sincronizado na Av. do CPA é uma medida atenuante para o trânsito caótico na região. Uma outra solução, é a construção de uma passarela em frente ao “shopping center”. Se o poder público alega que esta obra é cara, uma saída seria buscar uma parceria com empresários da região, tal como ocorre com a passarela situada na Av. Fernando Corrêa da Costa, construída em parceria com uma rede de concessionária de veículos.

É importante aqui frisar que falta aos nossos políticos uma ótica aguçada para a nossa Cuiabá para daqui a alguns anos. Na década de 70 do século XX, o nosso visionário ex-governador José Fragelli indicou a construção do Complexo Político Administrativo, transferindo as repartições públicas para a periferia da cidade e desafogando o centro. Hoje, a periferia se tornou uma das áreas mais valorizadas da nossa querida Cuiabá.

São por estas razões, aliadas ao desrespeito, à falta de conscientização e educação para o trânsito da maioria dos motoristas que transitam em Cuiabá, que me fornecem subsídios mais que suficientes para afirmar que a Av. do CPA é o mais novo gargalo da nossa cidade.


Rafael Cruz é administrador de empresas e acadêmico de direito da UFMT.

2 comentários:

Anônimo disse...

Rafael seu artigo ficou excelente, prova dissso foi publicado em várias mídias. Parabéns! Continue a escrever.

Anônimo disse...

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