domingo, 19 de julho de 2009

Flanelinha não, guardador de carros

Ao sair de casa com o carro para trabalhar, fazer compras ou simplesmente dar uma volta pela cidade com a família, você decide deixar o carro na rua, para não pagar estacionamento. Porém, mesmo que sejam apenas 10 minutos depois, lá vem ele, o flanelinha, com olhar meio ameaçador, pedindo dinheiro por ter "cuidado" do automóvel. Você, com receio de ter o patrimônio arranhado ou danificado, é obrigado a pagar o valor que ele pede.

Essa é uma cena comum em qualquer grande centro do Brasil, uma vez que a atuação dos flanelinhas está cada vez mais constante. Até nas áreas de estacionamento rotativo eles estão.

Flanelinha é o apelido dado a uma figura popular muito comum nos grandes centros urbanos. É um agente da economia informal que ganha dinheiro através de pequenos serviços aos motoristas, indicando vagas (lugares) disponíveis, auxiliando na manobra de estacionamento ou olhando pelos carros estacionados em vias públicas. Esse dinheiro pode ser conseguido mediante consentimento do motorista ou por coerção.

O problema é que normalmente o motorista não pede o "serviço" mas os flanelinhas sempre estão lá para cobrar. A suposta ajuda e proteção que oferecem não existe, pois eles não têm preparo nem qualificação necessários para proteger um veículo. Se algum incidente ocorrer com os veículos que eles julgam proteger, quem responderá pelo prejuízo, já que o serviço é ilegal? Esse tipo de ação é crime contra a liberdade individual, contra o patrimônio, ameaça e constrangimento.

Os flanelinhas chegam e se apossam dos estacionamentos públicos, loteiam as ruas como se estivessem privatizando essas áreas, mas quem lhes concede autorização para tais atos? Quem os legitima? Ninguém. Um flanelinha não tem autoridade legal para oferecer seus serviços. Então por que eles atuam livremente pelas ruas e avenidas?

A Polícia Militar diz que nada pode fazer enquanto os flanelinhas não infringirem a Lei. Mas coerção é legal? Intimidar e ameaçar o cidadão é legal? Constantemente nos vimos reféns dessas pessoas. Sem contar as suspeitas de que os flanelinhas usam e traficam drogas.

O nome flanelinha vem do uso de uma flanela pelos trabalhadores. Anos atrás era bastante comum o uso de flanelas por estes indivíduos, mas agora só restou o nome, a flanela foi esquecida. E também não são mais crianças e sim adultos de 25, 30 e até mais de 40 anos. Ah, eles não gostam de ser chamados de flanelinhas.

- Flanelinha não dotô, eu sou guardador de carro.

Sílvio Furtado de Mendonça Filho

Jornal A Gazeta

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