Tenho visto muita gente falando e escrevendo sobre "o verdadeiro motociclista". Acabei ficando curioso e procurando entender quem é esse cara; afinal, parece que muitos o procuram mas poucos já o viram.
Na multidão de vozes que falam sobre o assunto vi de tudo. Para alguns é uma questão de CC (estou falando de cilindrada e não de suor); nesta visão se exclui do grupo de candidatos quem esteja abaixo de um determinado número. A marca limite varia mas, certamente, com 125cc você não pode ser um motociclista. Os donos de 125 reclamam, é claro, mas dizem que uma Pop 100 não pode ser chamada de moto.
Para outros, é o local por onde você trafega que determina se você é um "verdadeiro motociclista". Neste caso, só os estradeiros atingiriam tal nível de qualificação. Quem usa moto para ir ao trabalho, faculdade ou pequenos passeios não poderia conhecer a essência do motociclismo.
Pode-se encontrar também muita gente que define o motociclista pela adesão a um moto-clube. Assim, motociclista solitário é uma vergonha para a classe, alguém totalmente desprezado. Se fizer parte de um moto-grupo, pelo menos, começa a adquirir algum respeito e o direito de existir. Agora, motociclista mesmo só depois de conseguir o seu colete. Alguns ainda acrescentam umas regrinhas extras, não permitindo a retirada do colete por qualquer motivo (pra tomar banho pode?).
Outra vertente segue a linha da idade. Opa! Agora vou me dar bem. O verdadeiro motociclista seria o "tiozão" que pode contar como eram as coisas no "seu tempo", quando um motociclista sempre acenava ao cruzar com outro, independentemente de marca ou cilindrada. Se for esse o caso, realmente será difícil achar o "verdadeiro motociclista", pois a maioria dos motociclistas não chega a envelhecer. Quem chegar lá terá provado que é um motociclista de verdade.
Mas, afinal, quem é esse cara (ou essa mulher) que todos procuram e ninguém encontra? Quem pode ser chamado de um verdadeiro motociclista?
Ora, a resposta é simples: sou eu; ou melhor: é você. Somos todos nós que, apesar de todos os riscos, da falta de segurança de nossas estradas, do grande número de idiotas dirigindo veículos que pesam toneladas, dos buracos, do IPVA e do DPVAT, apesar da discriminação, de sermos vistos como bandidos ao entrarmos num banco segurando o capacete, apesar da chuva que não acaba nunca, insistimos em andar sobre duas rodas.
A vida já é complicada demais e as pessoas divididas demais para ficarmos gastando nosso tempo e energia tentando decifrar quem pode ser chamado de um "verdadeiro motociclista".
Não vou deixar que ninguém me rotule, seja pela idade, seja pela cilindrada da minha moto ou pelo fato de eu andar sozinho ou em grupo. A liberdade não convive com rótulos.
Um verdadeiro motociclista? SOU EU!!!
Fonte: Blog do Youssef
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