segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Cuiabá e o automóvel

Quando o assunto é história, temos de obedecer a uma cronologia. E se existe uma cronologia na História do Automóvel em Cuiabá, esta se iniciou por volta de cem anos atrás.

Antes mesmo de ter automóveis em Cuiabá, o presidente do Estado Costa Marques criou a primeira estrada que ligava Cuiabá a Várzea Grande e construiu pontes de madeira e ferro. Isto entre 1911 e 1914.

Em 1912, o Coronel Artur Borges importou o primeiro automóvel de Mato Grosso. Um caminhão Orion que inaugurou a estrada Cuiabá - Várzea Grande. O caminhão foi comprado para ajudar na construção da estrada Cuiabá Vila do Rosário. Como Cuiabá não tinha combustível, o proprietário precisava importar e estocar a gasolina.

O primeiro automóvel foi importado pelos irmãos Paulino e Domingo Dorsa. Datava de 1918 e o automóvel era um Fiat tipo 52. Era vermelho e passou a ser conhecido como “carro de D. Aquino” por que o político utilizava muito o veículo. Tinha velocidade máxima de 70 km/h e consumo de 15 litros por 100 km . Nesta época os carros vinham da Itália via Montevidéu e depois por Corumbá chegavam a Cuiabá. A partir de 1919 mais automóveis começaram a chegar. Primeiro os Fiat depois os Ford.

Como o automóvel era novidade ainda, pouca regulamentação existia. O decreto 849 de fevereiro de 1929 regulamentava a circulação dos veículos em Cuiabá, criava também a Inspetoria de Veículos que passaria a emplacar os veículos com placa municipal. Os carros de aluguel vinham precedidos com a letra A e particular P. A prefeitura dava licença tanto para os veículos como também habilitava os condutores. A habilitação era concedida para um único veículo, se quisesse dirigir outro veículo, o condutor tinha que pagar novo registro.

As leis de trânsito da década de 20-30 permitiam que qualquer cidadão de notória idoneidade aplicasse as multas por infrações de trânsito e as encaminhasse ao órgão responsável, no caso a Inspetoria de Veículos. 50% do valor das multas ficava para quem a certificasse, ou seja, para o cidadão que aplicasse a multa. O relatório do prefeito da época mostra que muitas infrações ainda assim eram cometidas. A velocidade permitida de 25 km por hora na cidade e 45 na zona rural.

O primeiro acidente aconteceu em 13 de março de 1920, na Avenida Dom Aquino. Os envolvidos eram dois motoristas recém chegados à cidade: Américo Vergueiro e Silvestre Brescinani. O suposto causador do acidente foi detido e aberto inquérito policial. Os motoristas ficaram feridos e os veículos bastante danificados. A causa teria sido um descuido de Américo Vergueiro. (Fonte: CORREA, Afrânio. Os automóveis de Cuiabá – décadas de 20 e 30).

Bom, passados exatos 95 anos após a chegada do primeiro veículo automotor a Cuiabá, o cenário está muito mudado. Hoje são 200 mil automóveis licenciados em nossa capital. Circulam por aqui outros milhares licenciados em outros municípios e estados.

Os acidentes acontecem a todo o momento, com vítimas e em alguns casos mortes. Este ano, de janeiro até agora, 171 pessoas perderam a vida nas ruas de Cuiabá e Várzea Grande. Nas rodovias foram 141 mortes. Isso representa que de janeiro até agora, em média, a cada 35 horas, uma pessoa morreu vítima de atropelamento ou colisão.

Neste último final de semana, no domingo, cinco acidentes foram registrados em Cuiabá, em um intervalo de apenas duas horas, das 14h às 16h. Cerca de 25 pessoas ficaram feridas.

O século 20 foi revolucionário. Trouxe conforto e tecnologia em termos de transporte. Agora cabe a nós, no século 21, gerenciá-lo. A cada ano que se passar teremos mais automóveis, motocicletas, caminhões e ônibus circulando por ruas e avenidas, que na maioria das vezes são mal planejadas e sem manutenção. E teremos que aprender a dividir o espaço com pedestres e ciclistas. É uma árdua tarefa, mas dela depende o futuro do trânsito e transporte.

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