Nos últimos dias acompanhei um caloroso debate, num site noticioso local, sobre os Agentes de trânsito – os Amarelinhos - e a fiscalização de veículos infratores nas imediações dos shoppings de Cuiabá. Nas postagens os internautas chamavam os Amarelinhos de ‘Urubus’.
Além do significado já conhecido da palavra urubu, o Aurélio cita ‘usurário’. Ou seja, o Amarelinho no desempenho da Lei estaria usurpando-se de algo alheio? Ou seria o Poder Público representado por ele? Não seria o infrator de trânsito que estaria tirando o direito de outras pessoas? Se existe uma proibição de estacionamento não é por capricho de fulano, cicrano ou beltrano e sim para garantir a fluidez e segurança no trânsito que é direito de todos. Então, quem é o errado nessa história?
O trânsito é palco que revela o individualismo, a impunidade e a falta de solidariedade.
Parei para pensar e fiquei indignado em ver como as pessoas estão com valores deturpados. A inversão de valores virou regra... O infrator que deveria ser criticado pelos internautas passava por vítima. Mártir ante uma grande injustiça.
Penso que as pessoas deveriam refletir mais sobre esse delicado tema, o trânsito, pois vivemos num contexto que estimula o individualismo e consequentemente a transgressão. A mídia reforça os valores de competição, risco e hedonismo desmedido, colaborando para uma conduta irresponsável e agressiva do motorista. Defender as transgressões do trânsito, por mais que considere pequeno, é errado.
O Amarelinho em questão é o legítimo representante da autoridade de trânsito municipal. Ele representa o Estado no cumprimento da Lei. Porém, na concepção de alguns, o “Amarelinho” é quem deve ser sempre culpado, independentemente das circunstâncias. Deveriam os senhores internautas aconselhar os infratores a não mais desrespeitar as leis de trânsito. E não incentivar a "lei do mais forte" ou a do “mais esperto”.
Estado e cidadãos têm responsabilidades por esse trânsito caótico e desumano. Os motoristas contribuem com uma parcela significativa dos problemas do trânsito e a população não conhece ou não exige seus direitos. Por outro lado, falta ao Estado maior investimento nas ações de engenharia, educação e a fiscalização.
A segurança nas vias depende de cada um de nós. Todos somos responsáveis pelo trânsito. Portanto, precisamos nos esforçar para torná-lo mais seguro, obedecendo às suas leis. Não porque vamos ser punidos, mas porque disso depende a sobrevivência de motoristas, ciclistas e pedestres.
Com a proximidade da Semana Nacional do Trânsito – 18 a 25 de setembro – vamos todos refletir sobre o papel de cada um na sociedade e, em conseqüência, no trânsito. Nas ruas, manter um comportamento ético e solidário é fundamental. Vamos lembrar que o interesse do coletivo sobrepõe o individual.
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