segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Bonitos, mas besourentos

Teobaldo Witter

Olho para os veículos circulando pela cidade. Observo a superfície, que são os carros. Vislumbro condutores. Há motoristas, mas há besouros. Homens e mulheres, são pessoas lindas. Conduzindo sua moto, seu fusca, sua mercedes, seu carro ou carrão. É gente atenta desatenta. São pessoas cuidadosas sem cuidado. Pessoas limpas que se enrolaram nos excrementos. São besouros. São candidatos. São candidatos a acidente. Serão feridos. Vão ferir. Serão mortos. Irão matar. Atentos, estes heróis desatentos seguem a saga da vida e da morte.

O besouro pensa: Lei, por que lei de trânsito? Atenção, por que ficar atento? Dar passagem, por que dar passagem? Respeito, por que respeitar? Minha sina é o excremento. Não sinto o fedor do excremento. Compartilho alguns excrementos no trânsito, constatados e tratados pela Ouvidoria do Detran MT.

Em Canarana, a condutora diz: "Eu não coloco cinto de segurança, porque dá a impressão que estou com medo. Quando a gente está com medo, a polícia manda parar o carro. O segredo para se livrar da polícia é não demonstrar medo. Por isso, não uso cinto", conta Renata que ouviu a história de uma amiga.

"Aqui no Campo Novo, a gente logo percebe quando um motorista não é daqui. Motorista de fora usa cinto de segurança e sinaliza a troca de faixa ou mudança de direção. Os motoristas daqui não fazem estas coisas", relata Iedo sobre as histórias que o povo conta naquela cidade maravilhosa.

De Sinop, escreve o cidadão, dizendo: "Estava me dirigindo à minha faculdade, quando em meio ao trajeto me deparei com uma cena lamentável de desrespeito à sinalização e ao CTB. Um veículo trafegava em altíssima velocidade pela avenida dos Flamboyants em direção à uma rotatória, e, ao manter aproximação da mesma, ele não freou e adentrou, quase atropelando um motociclista, e continuou acelerando e dando freadas, assustando a todos que estavam trafegando no local, continuando em alta velocidade. Diante deste episódio, e de tantos outros que vejo nesta cidade, decidi não ficar mais calado e não mais compactuar com essas barbáries. O trânsito aqui em Sinop é um caos! Ninguém respeita os limites de velocidade, e, os que tentam, quase são esmagados pelos demais", afirma Roberto.

O sr. Gutembergue, de Cuiabá, avalia "Há pouco mais de um ano vim para Cuiabá. Deparei-me com uma estrutura de vias e um trânsito descontrolado, onde praticamente ninguém respeita a legislação... As vagas destinadas a deficientes e idosos parecem indicar outra coisa. As placas de proibido estacionar e proibido parar e estacionar são ignoradíssimas. As calçadas parecem vagas rotativas, pois se tornam exclusivas. As faixas de pedestres, sem falar, pois pode parecer piada qualquer comentário. O transporte de crianças em motocicletas, os retornos em qualquer ponto, motoristas ao celular, sem cinto de segurança, a enorme quantidade de carros trafegando sem placas, os veículos na contramão, calçada, retorno proibido, o caos no aeroporto (fila tripla), excesso de velocidade, do trânsito de veículos claramente sem condições de trafegar, carros com faróis impróprios (neon)... As estatísticas apresentadas tratam de mortes em acidentes (Cuiabá e Várzea Grande), em que se destaca grande número de óbitos. Ano passado, o Detran/MT, SMTU, PM e Sejusp se integraram para fiscalizar, mas um mês após os números começaram a crescer", conclui José.

"Gostaria de me colocar à disposição para colaborar no sentido de fazer com que se aplique as leis de trânsito, na minha cidade, já que atualmente elas tem sido sem valor, dando a impressão que o município está imune ao CTB, e colocando, conseqüentemente, a população em riscos constantes. Temos um exemplo, no cruzamento da Av. Cel Macário Sutil de Oliveira, com Francisco Batista. Ali há uma rotatória. Os veículos em circulação ao redor dela tem preferência. Mas aqui se aplica uma lei própria, diferente de todo país. Os veículos entram em alta velocidade, nem olham para quem está na rotatório, colocando todos em riscos de acidentes e confundindo quem vem de outras localidades, cumpridor das leis de trânsito", relata o sr. Milton, de Alto Taquari..

Parece que quem cumpre as leis e tem comportamento civilizado no trânsito está errado. Mas os relatos mostram, também, que a maioria da população sabe avaliar e se coloca à disposição para colaborar com a Paz no Trânsito. Cabe aos órgãos de trânsito e de fiscalização aproveitar a boa vontade da população. Juntos, podemos dizer aos motoristas bonitos, mas besourentos: se cuidem.

Teobaldo Witter, pastor, professor e ouvidor do Detran MT e-mail: twitter@terra.com.br

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