O jornal “La Stampa” informa, sem expor suas fontes, que a vitória de Bergoglio começou a se desenhar já na noite de terça-feira, quando ele obteve o maior número de votos já no primeiro escrutínio, embora o resultado tivesse sido pulverizado demais para consolidar a maioria absoluta.
Nem bem a fumaça preta havia se dissipado, começaram reuniões informais na Casa de Santa Marta, onde os cardeais estavam hospedados. Num desses encontros, o argentino teria recebido o apoio dos influentes italianos Giovanni Re e Tarcisio Bertone, este também carmelengo.
A primeira providência dos jornais foi desconstruir as próprias previsões, que apontavam principalmente para Scola e para o brasileiro Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo. Para o “La Stampa”, Scola se revelou um “gigante com pés de barro” ao não conseguir formar consenso em torno de seu nome mesmo entre os 28 cardeais italianos.
Contra ele teriam pesado a forte oposição da Cúria romana - em especial de Bertone e do secretário de Estado Angelo Sodano - e suas próprias ligações com o Comunhão e Libertação (CL), um movimento carismático italiano com fortes e controvertidas ligações com políticos.
Paralelamente, diz o jornal, ganhou impulso o movimento pela eleição de um Papa do Novo Mundo, uma vez que a grande força da Igreja Católica se encontra hoje na África, na Ásia e, principalmente, nas Américas. Ou, como disse um cardeal africano que o “La Stampa” citou sem relevar a identidade: “Não é possível ter o pastor na montanha e o rebanho no vale”.
Ao mesmo tempo, a Igreja latino-americana vem perdendo fiéis de forma crescente para seitas neopentecostais. Um Papa do continente poderia dar novo ânimo aos católicos locais.
Porém, mesmo entre os cardeais das Américas, Bergoglio não era o mais cotado. Os vaticanistas citavam sempre, além de Scherer, o canadense Marc Ouellet e os americanos Timothy Dolan e Sean O’Malley. Embora tivesse sido o segundo mais votado no conclave que elegeu Bento XVI, em 2005, os analistas acreditavam que a idade, 76 anos, pesava contra o argentino, além do fato de um jesuíta jamais ter chegado ao Trono de São Pedro.
O “La Stampa” lembra que, além da boa votação em 2005, Bergoglio atraiu a simpatia de um bom número de cardeais por sua fama de austero na condução da igreja argentina. Bento XVI, diz o jornal, nunca escondeu seu apreço pelo jesuíta.
Já o analista Vittorio Messori, do “Corriere della Sera”, avalia que a ascendência italiana do novo Papa, que é filho de imigrantes napolitanos, e seu bom trânsito em Roma pesaram entre os europeus.
Na visão deles, o agora Papa Francisco vai inflamar o rebanho em casa e ter a austeridade para enfrentar as crises que assolam a igreja.
Fonte: O Globo
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