domingo, 8 de junho de 2008

Muitos sãos estão sujeitos a ‘dia de fúria’

Globalização, modernidade, individualismo, capitalismo, competição e compromissos são considerados hoje, por especialistas e psicólogos, os principais fatores que levam pessoas a cometerem atos de violência no trânsito. Portanto, a idéia de que somente um indivíduo com algum distúrbio mental possa vir a agir com intransigente é equivocada.

O profissional que faz a avaliação psicológica de candidatos a condutores pelo Departamento de Trânsito de Mato Grosso (Detran), Célio Helio Batista, explica que, durante a prova, diversos quesitos são analisados em cada um que requer a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). São observados personalidade, raciocínio, tensão e fator intelectual. Ele diz que há uma variação conforme a idade e o grau de escolaridade e que podem alterar o percentual desses quesitos.

É por meio da avaliação que o psicólogo consegue identificar as diversas formas de reação de cada candidato a determinadas situações que possa enfrentar no trânsito. E, assim, identificar possíveis portadores de distúrbios, que serão ou não aprovados no exame.

Porém, de acordo com Batista, a maior dificuldade no trânsito atualmente não é a presença de pessoas desequilibradas, e sim, de seres considerados normais, que obtiveram aprovação no exame psicotécnico do Detran, e que cometem atos de extrema violência motivados pelo cotidiano acelerado, individualista e extremamente concorrente.

“Cada pessoa tem o seu próprio mundo e o considera como único. Elas não procuram pensar no outro, somente nelas mesmas. O ritmo de vida hoje é muito acelerado. Já o tempo e espaço são cada vez mais curtos. Então, a briga por esse espaço e tempo se torna cada vez mais perigosa e inconseqüente”, opina.

O professor e coordenador do Núcleo de Estudos de Violência e Cidadania da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Naldson Ramos da Costa, compartilha da mesma opinião. Segundo ele, a ausência de uma estrutura urbanística que comporte a frota de veículo atual, ou seja, a falta de espaço nas ruas, e a idéia de prestígio são fatores preponderantes para um trânsito violento vivido nas grandes capitais, e que, em Cuiabá, é potencializado pelo calor.

“Circular nas cidades tornou-se um ato difícil. Hoje, percorrer pequenos trajetos em curto espaço de tempo é praticamente impossível, por causa do trânsito lento. De forma que, um pneu furado, um carro pifado ou uma simples batida se transformam em situações drásticas”, pondera. O estudioso ainda diz que, quando o indivíduo por alguma razão, ainda anda armado, a violência é potencializada podendo chegar ao fator extremo e gerar a “morte de alguém”.


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