Léo Gonsaga Medeiros
Cruzamento fechado, gente pisando no acelerador e passando no sinal vermelho, causando risco de acidentes, estacionando em local proibido, fechando cruzamento; fazendo ultrapassagens perigosas; parando em plena via, ¨mas é bem rapidinho¨... etc. etc....
Quarta-feira, quase 11hs e 30min. Um caminhão atravessado na avenida XV de Novembro interrompe a pista que segue em direção a Várzea Grande. O trânsito, que até então fluía sem problemas, pára. O motorista quer dar a ré para estacionar e descarregar no “Atacadão”, uma fila de carros se forma atrás dele. Um Gol, táxi, estacionado em local proibido, encostado na esquina, diminui o espaço da manobra, o motorista é profissional há 20 anos, tem que agüentar as buzinas e os xingamentos. ¨Sai daí, seu burro!¨, gritam do ônibus.
Em alguma sala de aula da UNIC, um estudante, infrator, estaciona no ponto de ônibus e nem desconfia da confusão que armou. O flanelinha confirma, o carro é de um estudante, mas ele, o vigia, ¨não tem nada a ver com aquilo¨.
O trânsito de Cuiabá padece com a má educação dos motoristas. As infrações pioram os congestionamentos nos horários de pico e colocam à prova até quem tem a paciência de Jó. Um cruzamento fechado pode invalidar o tempo de um semáforo verde. Um carro parado na pista na hora do rush, especialmente numa avenida como a “Prainha”, interrompe o fluxo dos veículos para além daquele quarteirão.
¨Não tem como mensurar, mas o comportamento egoísta compromete muito a fluidez e a segurança do trânsito¨, diz um conhecido, engenheiro de tráfego da SMTU.
Uma conversão proibida, além de bloquear o trânsito, por mais ¨rapidinha¨ que seja, pode provocar uma colisão do veículo que vem atrás e é pego de surpresa pela freada brusca.
João de tal, 34, estaciona uma enorme carreta, em plena Getúlio Vargas, com trânsito intenso, às 8 horas, para descarregar a entrega da loja Riachuelo. O estabelecimento, está em local impróprio para o evento de carga e descarga, típico daquele comércio.
Uma senhora, fecha o cruzamento na rua 13 de junho com Generoso Ponce.¨Estou em cima da hora, se deixo espaço, os carros não respeitam minha preferencial e na minha vez de seguir fico presa¨. Para não ser sabotado, o motorista sabota antes. E todo mundo tem uma desculpa pronta.
Essa lógica individualista não é só do infrator, é a lógica que estamos vivendo hoje. Temos que ser primeiro lugar em tudo. “A sociedade reforça a idéia de que, se você está se livrando, tudo bem¨, diz a psicóloga Gislene Macedo, que estudou o comportamento do motorista em sua tese de doutorado.
Dentro do carro, disputando espaço com outros veículos e correndo contra o tempo, o individualismo se escancara, muitas vezes com agressividade.
Um cidadão ¨do bem¨, solícito e calmo, pode se descontrolar dirigindo.¨Estudos apontam que a mecânica do carro vira uma extensão das nossas forças físicas. Você transpõe barreiras que a pé não conseguiria e isso dá uma sensação de poder. Mistura estresse com poder, já viu¨, diz Gislene.
Falta gentileza e sobra egoísmo. Respeito e educação, aliás, se podem mudar um País, podem fazer milagres no trânsito. Enquanto faço estas reflexões, ouço um grito estridente, é uma senhora de aparência vetusta, “dialogando” com um taxista.
- Barbeira é a mãe!Tem alguma coisa difícil de quebrar no comportamento dos motoristas em Cuiabá....
*Léo Gonsaga Medeiros é Cidadão Cuiabano
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