A muito tempo os órgãos de trânsito lutam para reduzir o número de acidentes e conseqüentemente o número de vítimas. Algumas vitórias aconteceram, principalmente com a implantação do CTB - Código de Trânsito Brasileiro, em 1998.
Porém, essa luta é árdua e as dificuldades são muitas. Se não bastasse o problema da educação básica precária do motorista brasileiro, do deficiente processo de aprendizado para retirar a primeira CNH, da corrupção nos departamentos de trânsito, ainda enfrentamos políticos e apresentadores de televisão, fanfarrões sensacionalistas, que defendem os infratores, utilizando em discursos inflamados o termo 'indústria da multa', numa clara tentativa de desqualificar uma ação pública das mais responsáveis: o rigor contra os infratores das leis de trânsito.
Dessa forma, se uma administração municipal não é tolerante com os abusos de motoristas ao volante, corre o risco de ser acusada de estar fazendo com que seus agentes multem somente para aumentar a arrecadação. Podemos dizer que essa situação ocorre em todas as cidades.
A luta contra a impunidade no trânsito é uma verdadeira guerra, e como toda guerra, é feita também com a contra-propaganda, neste caso, desencadeada por infratores acostumados com a impunidade. E seus principais defensores, sempre têm o poder da mídia nas mãos.
Entretanto, basta observar por alguns minutos a circulação de veículos ao nosso redor e logo constataremos o número absurdo de infrações de trânsito que os condutores cometem a cada instante. O condutor infrator pode cometer num único dia, dezenas de infrações. E dificilmente será autuado. Isso porque o poder público não tem número suficiente de fiscais e nem equipamento eletrônico para fiscalizar todo o perímetro urbano.
Concluímos então que a indústria da multa não existe. A emissão de multas é simplesmente o resultado do processo normal de penalização de motoristas que comentem infrações no trânsito. O que existe na verdade é uma grande indústria de infrações de trânsito. E infelizmente, para nós, uma indústria altamente produtiva que cresce a cada dia.
O poder público tem que ser firme e ter em mente que o rigor da fiscalização tem um aspecto altamente positivo, que se sobrepõe a todos os outros: a efetiva redução do número de mortos e feridos no trânsito.
Ações integradas de Educação e Engenharia de Trânsito, distribuição adequada de fiscalização eletrônica e fiscalização executada por agentes de trânsito, reduz no condutor a sensação de que estará impune e é fundamental para a obtenção de resultados otimizados no campo de prevenção de acidentes.
A nós cabe refletir, se queremos um trânsito seguro, precisamos de fiscalização eficiente, que detecte e puna os infratores.
Acabar com a indústria da infração de trânsito, essa é a missão.
Silvio Furtado
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