terça-feira, 29 de abril de 2008

Projetos “mirabolantes” não saem do papel e trânsito segue em caos

Planos para resolver o problema do trânsito em Cuiabá sobram nas prateleiras do Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento Urbano (IPDU), da Prefeitura de Cuiabá. Corredores específicos para ônibus, ciclovias, ônibus articulado e até o “mirabolante” metrô de superfície estão na pauta que povoam as mentes de políticos e arquitetos. Já se falou até em trens urbanos para desafogar o tráfego de veículos nas ruas da cidade. “Mas a maioria nunca saiu do papel” – observa o vereador Luiz Poção (PP), um dos ácidos críticos da atual administração, defensor da proposta de criação do sistema de rodízio de veículos como forma de dar fluxo no trânsito.

Tais projetos nunca deixaram o imaginário de técnicos, especialistas e arquitetos por causa de uma questão: vontade política dos governantes que não dão continuidade a projetos e não tratam o tema como prioridade. Com uma audiência pública, Poção tentou “solidificar” a proposta do rodízio, cuja simples iniciativa demonstra que o trânsito na Capital está envolto em completo caos. Além de completa exaustão, há um problema flagrante: falta de gerenciamento responsável.

Cuiabá tem se notabilizado por “criar” sistemas que procuram reduzir o fluxo de veículos. Em nome de uma segurança que não se concretizou jamais, vias movimentadas são “travadas” por quebras-molas mal colocados para atender a empreendimentos específicos, contornos fora do lugar e, ainda, semáforos sem sincronia. A Avenida Rubens de Mendonça, considerada uma das principais da cidade, pelo movimento excessivo de veículo, é um exemplo que congrega todos os problemas que uma via não poderia ter.

O relaxo da Prefeitura com o trânsito é tamanho que, para se ter uma idéia do caos nessa avenida, quebra-molas instalados no passado para servir alguma situação, seguem cimentados por toda a vida. Exemplo: a antiga saída do Residencial Terra Nova. No acesso para o centro, numa curva, foi instalado um redutor de velocidade. Porém, esse contorno foi recentemente fechado, levado mais adiante e a passagem regulada por um semáforo. O quebra-molas perdeu a finalidade, mas, a Prefeitura o mantém no local, dando margem para mais acidentes, além de travar o trânsito.

A rigor, o próprio retorno construído significa uma aberração para a via. Primeiro pelo lugar em que foi instalado, sendo que mais a frente, 200 metros, já há um retorno. Nos horários rush o fluxo de veículos – tanto de ida como de volta – ficam congestionado no local por causa do semáforo. Cinco minutos que o secretário de Trânsito e Transportes Urbanos da Prefeitura de Cuiabá ou algum técnico da Prefeitura perdesse no local iria concluir que a obra foi um equívoco, já que o contorno é usado por um número reduzido de veículos, enquanto o trânsito fica completamente parado.

As obras inacabadas no trânsito da Avenida Rubens de Mendonça se apresenta também em direção ao Centro Político, próximo do Grande Templo: bem ainda nos primórdios da via foi instalado um redutor para evitar que veículos cruzassem em velocidade a região, de grande movimento de pedestres aos domingos e quartas-feiras. Contudo, por causa do movimento do Shopping Pantanal, metros acima foi instalado um semáforo para regular a passagem de pedestres. Contudo, o redutor continua no mesmo lugar, só atrapalhando o trânsito. Detalhe: em pouco mais de dois quilômetros há sete semáforos, um a cada 140 metros, sem sincronia.

Situações como essa ocorrem em outras vias da cidade, de grande movimento, como a Avenida Miguel Sutil, construída para desafogar o trânsito das áreas centrais. No passado, preocupada apenas com o interesse do Centro de Eventos do Pantanal, a Prefeitura chegou ao ponto de inverter a preferencial de fluxo no que ela chama de rotatória – que, na verdade, serve apenas de retorno de veículos. Pior: instalou quebra-molas na descida íngreme.

Coisas simples que poderiam ajudar a resolver o problema no trânsito de Cuiabá não são levadas em consideração. O próprio secretário Elismar Bezerra, durante audiência pública, considerou que o problema do trânsito só vai se resolver se houver maior investimento em educação. Correto! Mas não é só. E como faceta mirabolante, expôs a necessidade de utilização de campanhas publicitárias com suporte de produção de profissionais diretamente ligados ao problema. Isto é: sobrou para os publicitários.

Poção, por sua vez, insiste que o problema do trânsito só vai diminuir a partir do momento em que os motoristas forem chegando à conclusão de que, reduzir o uso do carro atende, basicamente, ao seu próprio interesse. Cuiabá tem uma população de 527 mil habitantes, segundo a contagem populacional 2007 do Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE), Cuiabá possui uma frota de 211 mil veículos licenciados pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran) o que dá a relação de um carro para cada 2,49 habitantes, que na opinião do vereador não é muito diferente de São Paulo com um carro para cada 2 habitantes.

Redação 24 Horas News

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